Por que é importante estudar história?
Ah!
Não gosto de História! É uma chatice! Pra que estudar velharias! Já passou!
Além disso, é só decoreba! Se você pensa dessa forma, realmente fica difícil e
desmotivador estudar História.
Veja
de outra forma. História é uma ciência, como todas as outras. Tem um objeto
próprio: o processo de evolução da humanidade. Quando a gente não estuda o
passado, tem dificuldade de entender o presente e não sabe para onde está
indo.
Seja
como for, você precisa estudar História! Estudar significa, em primeiro lugar,
compreender, analisar, interpretar e tirar conclusões. Memorizar é decorrência
disso.
Boa parte do estudo de História
depende de leitura. Compreender as informações de um texto, seja qual for -
artigo de jornal e revista, capítulos de livros ou questões de provas, não
depende apenas da capacidade de entender o significado de palavras ou frases,
mas exige principalmente a capacidade de compreender idéias. Sim, ler é
compreender idéias.
Para ter uma boa compreensão de
textos de História, faça uma primeira leitura lenta e atenciosa do texto
inteiro. Em seguida, por alguns minutos, relembre o que leu, contando para si
mesmo (em silêncio ou em voz alta, como lhe agradar melhor). Ao fazer isso,
perceba que algumas coisas sua mente já memorizou e ao mesmo tempo levantou
dúvidas sobre outras. Volte então ao texto e faça uma segunda leitura, lenta e
por partes. Nessa leitura, assinale as palavras-chaves e destaque as idéias
importantes. Após isso, faça um resumo, cuidando para utilizar o menor número
possível de palavras ou expressões. Então passe a fazer os testes propostos
sobre o assunto estudado.
Dicas
básicas para estudar História
·
Estudar é trabalho – tenha isso bem claro em sua
mente;
·
Como qualquer trabalho, estudar também pode ser
prazeroso, quando se tem o gosto pelo saber;
·
participe das aulas, tenha o seu própio material e
não esqueça de anotar e sublinhar algo curioso, mencionado
pelo professor;
·
Use sempre o dicionário;
·
Entender o processo histórico, isto é, o que liga
um fato a outro e como eles fazem parte de uma determinada conjuntura;
·
Decorar resumos somente após ter compreendido a
matéria;
·
Estudar em voz alta pode um jeito legal, se você
for do tipo auditivo ou sinestésico;
·
Escrever palavras-chave ou pequenas frases enquanto
estuda é outra forma que ajuda bastante;
·
Buscar informações além da sala de aula – filmes,
revistas, internet etc.
Fonte: http://profisabelaguiar.blogspot.com.br
Um mundo em transformaçãoTempo histórico
Assim como podemos contar o tempo através do tempo cronológico, usando relógios ou calendários, temos ainda outros tipos de tempo: o tempo geológico, que se refere às mudanças ocorridas na crosta terrestre, e o tempo histórico que está relacionado às mudanças nas sociedades humanas.
O tempo histórico tem como agentes os grupos humanos, os quais provocam as mudanças sociais, ao mesmo tempo em que são modificados por elas.
O tempo histórico revela e esclarece o processo pelo qual passou ou passa a realidade em estudo. Nos anos 60, por exemplo, em quase todo o Ocidente, a juventude viveu um período agitado, com mudanças, movimentos políticos e contestação aos governos. O rock, os hippies, os jovens revolucionários e , no Brasil, o Tropicalismo (Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, entre outros) e a Jovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos, entre tantos outros), foram experiências sociais e musicais que deram à década de 60 uma história peculiar e diferente dos anos 50 e dos anos 70.
Isto é o tempo histórico: traçamos um limite de tempo para estudar os seus acontecimentos característicos, levando em conta que, naquele momento escolhido, muitos seres humanos viveram, sonharam, trabalharam e agiram sobre a natureza e sobre as outras pessoas, de um jeito específico.
A história não é prisioneira do tempo cronológico. Às vezes, o historiador é obrigado a ir e voltar no tempo. Ele volta para compreender as origens de uma determinada situação estudada e segue adiante ao explicar os seus resultados.
A contagem do tempo histórico
O modo de medir e dividir o tempo varia de acordo com a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Os cristãos, por exemplo, datam a história da humanidade a partir do nascimento de Jesus Cristo. Esse tipo de calendário é utilizado por quase todos os povos do mundo, incluindo o Brasil.
O ponto de partida de cada povo ao escrever ou contar a sua história é o acontecimento que é considerado o mais importante.
O ano de 2008, em nosso calendário, por exemplo, representa a soma dos anos que se passaram desde o nascimento de Jesus e não todo o tempo que transcorreu desde que o ser humano apareceu na Terra, há cerca de quatro milhões de anos.
Como podemos perceber, o nascimento de Jesus Cristo é o principal marco em nossa forma de registrar o tempo. Todos os anos e séculos antes do nascimento de Jesus são escritos com as letras a.C. e, dessa maneira, então 127 a.C., por exemplo, é igual a 127 anos antes do nascimento de Cristo.
Os anos e séculos que vieram após o nascimento de Jesus Cristo não são escritos com as letras d.C., bastando apenas escrever, por exemplo, no ano 127.
O uso do calendário facilita a vida das pessoas. Muitas vezes, contar um determinado acontecimento exige o uso de medidas de tempo tais como século, ano, mês, dia e até mesmo a hora em que o fato ocorreu. Algumas medidas de tempo muito utilizadas são:
O uso do calendário facilita a vida das pessoas. Muitas vezes, contar um determinado acontecimento exige o uso de medidas de tempo tais como século, ano, mês, dia e até mesmo a hora em que o fato ocorreu. Algumas medidas de tempo muito utilizadas são:
- milênio: período de 1.000 anos;
- século: período de 100 anos;
- década: período de 10 anos;
- qüinqüênio: período de 5 anos;´
- triênio: período de 3 anos;
- biênio: período de 2 anos (por isso, falamos em bienal).
Entendendo as convenções para contagem de tempo
Para identificar um século a partir de uma data qualquer, podemos utilizar operações matemáticas simples. Observe.
- Se o ano terminar em dois zeros, o século corresponderá ao (s) primeiro (s)algarismo (s) à esquerda desses zeros. Veja os exemplos:
ano 800: século VIII
ano 1700: século XVII
ano 2000: século XX
ano 1700: século XVII
ano 2000: século XX
- Se o ano não terminar em dois zeros, desconsidere a unidade e a dezena, se houver, e adicione 1 ao restante do número, Veja:
ano 5: 0+1= 1 século I
ano 80: 0+1= 1 século I
ano 324 3+1=4 século IV
ano 1830 18+1=19 século XIX
ano 1998 19+1=20 século XX
ano 2001 20+1=21 século XXI
ano 80: 0+1= 1 século I
ano 324 3+1=4 século IV
ano 1830 18+1=19 século XIX
ano 1998 19+1=20 século XX
ano 2001 20+1=21 século XXI
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O pioneirismo do Barão de Mauá traz
modernidade ao país sobre trilhos
Empresário foi o responsável pela construção da primeira ferrovia do Brasil, que ia do Porto de Magé até a raiz da Serra de Petrópolis.
A vida se anuncia nas linhas do destino uma grande jornada. Na velocidade do trem-bala. Ou na lenta contemplação da Maria-Fumaça. Tudo depende do olhar de cada passageiro. É um percurso com oscilações. Trechos difíceis, mas também emoções – fazem a viagem valer a pena. Na rota do trem, sonhos e surpresas.
Na arte, o trem representa a poesia em movimento. Para os historiadores, a maior invenção depois da roda. As linhas não apagadas pelo tempo contam um pouco dessa trajetória, iniciada na segunda metade do século XIX no Rio de Janeiro. O maior símbolo dessa época é a Central do Brasil, cartão postal conhecido pelo prédio e principalmente pelo grande relógio da estação.
Coisa dos britânicos, que nos emprestaram a pontualidade. Tão famosa quanto o Big Ben.
Os ponteiros do relógio e os horários do trem nos deram uma nova noção de tempo. Da Inglaterra também veio a tecnologia para a construção das ferrovias. Após a revolução industrial, nasceram lá as avós da nossa Maria-Fumaça.
No país de tantas tradições, a do trem está preservada. Para o transporte de minério, o país dominou a tecnologia do ferro e construiu as primeiras locomotivas. Acredite: em 1804, a engenhoca rebocou 10 toneladas! A máquina de Richard Trevithick desbravou os trilhos do pioneirismo. Mas o protótipo comercial de todas foi "The Rocket", o foguete. Decolou para a história a 22 km/h. A primeira máquina a correr como um cavalo.
No dia da inauguração, um político subestimou a velocidade da máquina e cruzou a linha... Foi atropelado! O trem passou sobre as pernas dele. Foi o primeiro acidente fatal na história da ferrovia. O pai da Rocket foi George Stephenson, o primeiro a perceber a energia do vapor observando a própria chaleira de casa. Quase 30 anos depois, a magia da dama de ferro chegou por aqui. E ninguém resistiu ao charme de Maria.
“A minha patroa falava comigo assim: ‘Você gosta mais da máquina do que de mim, porque você tem uma história danada com essa máquina, viu?’”, conta Sebastião dos Santos.
A musa dos ferroviários se transformou em atração turística ou peça de museu. No rastro de fumaça de Maria ficaram as lembranças de quem viaja no tempo. Aos 80 anos, Seu Benito Mussolini começou como garçom nos vagões restaurantes. “Depois eu passei para o quadro efetivo da rede”. Foi foguista e maquinista.
Na hora em que eu sentava para sair com o trem, sabe... Passava a mão na cadeira, batia nas madeiras e falava: "É, gente, nós vamos fazer um viajão", recorda. Uma história de três décadas com a Maria Fumaça. “Ah, ela é muito romântica. Maria Fumaça é tudo”, diz Seu Benito.
Em casa, tudo lembra a velha companheira... Inclusive o som, gravado no último dia de trabalho na locomotiva: “Eu só espero que quando chegar a minha ocasião de ir lá para cima, Deus me permita levar isso tudo dentro da cabeça, sabe... para a gente lembrar também, né?”, torce o ex-maquinista.
Entre chegadas e partidas, muitas paisagens e novos horizontes surgiram no Brasil a partir de 1854, quando foi inaugurada a primeira ferrovia do país. Um trecho pequeno, 14 quilômetros, mas um grande passo para o futuro dos transportes - e o marco zero desta história que ainda está de pé: a estação Guia de Pacobaíba. Fiel às origens, é um monumento ao pioneirismo. Depois que o trem partiu daqui, o Brasil nunca mais foi o mesmo.
Um templo ferroviário preservado pelos sentinelas como Seu Luiz Otávio, de 76 anos, voluntário na defesa da memória do trem, movido pelo sonho de ver a estação de volta a ativa. “Ainda digo mais: se um dia essa estrada de ferro for reativada eu não faço mais questão de viver. Cumpri o objetivo, né? Meu sonho é ver essa linha funcionar... Essa casinha, tudo”, releva o emocionado Seu Luiz.
Seu Luiz segue os ideais de um iluminado: Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Empresário responsável por colocar o Brasil nos trilhos. Quando o soberano era o Imperador, ele foi chamado de ‘Rei’. De simples mascate, se tornou dono do Banco Mauá. O homem mais rico abaixo da linha do equador.
O empresário fazia os planos na casa onde morou, em Petrópolis. Levou a luz a gás para o Rio de Janeiro e aceitou o desafio de construir uma ferrovia do porto de Magé até a raiz da Serra de Petrópolis. Nessa época, o Brasil caminhava a passos de mula. No final do século XIX, a locomotiva econômica do país era o café.
Produção a todo vapor no rio de janeiro e minas, mas as viagens das regiões produtoras até o porto levavam meses. Em algumas travessias, sete em cada 10 sacas se perdiam pelo caminho. Na Serra do Mar, em São Paulo, as mulas despencavam com o carregamento. O Barão de Mauá buscou recursos na Inglaterra. E sem nenhum centavo do império, bancou o projeto.
“Diziam que ele era doido. Ele dizia "Já que ninguém investe, eu mesmo vou investir". E costumavam dizer isso para o Mauá: "E desde quando trem é cabrito para subir montanha?", conta Eduardo Nederh, tetraneto do Barão.
Na Baía da Guanabara, os barcos a vela tinham a rota desviada pelo vento e ficavam à deriva. O Barão construiu as primeiras embarcações a vapor para a viagem até o cais. Hoje corroída pela ferrugem, a estrutura metálica avançava 150 metros em direção ao mar. Transportou material para a ferrovia e, mais tarde, passageiros. “Perceba o gênio de Mauá: ele estava trabalhando com a bimodalidade: o transporte a barco e o transporte ferroviário.
As obras se iniciaram em 1852, com uma grande cerimônia, mistura de festa e desfile de modas. O barão convidou todos os nobres da época, além da família real: o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz, Dona Tereza Cristina.
O Barão de Mauá entregou ao imperador uma pá de prata e pediu à Dom Pedro que fizesse as primeiras escavações. A falta de intimidade do Imperador com o trabalho fez a alegria dos operários da obra. O esbaforido Dom Pedro II desapareceu da festa.
Sob o comando de engenheiros ingleses, mais de 200 homens construíram a Estrada de Ferro Mauá na base da picareta. Em dois anos a obra foi concluída. Transformando a viagem do cais até a Serra de Petrópolis, de horas, em 30 minutos.
O passeio inaugural foi na locomotiva Baronesa, homenagem a esposa do Barão, Dona Maria Joaquina. Quatro vagões percorreram o primeiro trecho sobre trilhos em solo brasileiro e os 26 km/h assustaram quem estava acostumado a velocidade das mulas. a estrada de ferro que abriu os caminhos do Brasil é hoje rota para lugar nenhum.
Apenas um trecho da estrada original roda nos trilhos de subúrbio, onde o Barão de Mauá chegou ao fim da linha, derrotado por um gigante chamado Serra da Estrela. Ele esbarrou nesse paredão com diferença de 870 metros até Petrópolis.
O Redentor chegou de trem ao Morro do Corcovado. As peças foram levadas pelo veículo que hoje transporta os turistas. Mas para alcançar os 800 metros de altura, foi preciso reinventar a roda, que ficou dentada. Para se encaixar nos trilhos da cremalheira, sistema criado na suíça, usado até hoje em grandes inclinações. A invenção revolucionou o trem.
E também fez a primeira estrada de trem subir a Serra de Petrópolis. O trem da montanha chegou onde o Barão de Mauá sonhava, mas puxado pelos investimentos de outra companhia: a Grão Pará, mais tarde Leopoldina. Ferrovia que avançou em direção à zona da mata mineira. O vapor na subida da serra ainda aquece a memória.
“Eu tenho uma saudade... Gozado, uma saudade que eu tenho - eu era criança, na estação, que coisa bonita que era você ver chegar o trem. Naquela época eu era moleque, então chegava aquele trem lotado. Uns chegando e outros partindo. E aquilo para mim marcava muito. Misturava um pouco da neblina com aquela fumaça da locomotiva. Aquilo tudo... Então isso ficava muito na lembrança”, lembra.
Para ter essa lembrança em casa, Álvaro construiu a própria locomotiva. No início, os trens tinham uma porta individual para cada passageiro. A primeira classe com bancos de couro e a segunda com acentos de madeira.
Existia ainda a terceira classe, reservada para quem não tinha condições de pagar: os pés descalços. Com o tempo gente da alta sociedade também escondia os sapatos para viajar de graça. E o condutor via: "Mas o senhor não pode entrar, o senhor é um homem de bem, bem vestido, o senhor tem" e o homem dizia: "Não, mas eu estou descalço... Eu estou cumprindo a lei".
A terceira classe foi extinta, mas a malandragem atravessou séculos. “A pessoa na parada intermediária via que você vinha fazendo a conferência de passagem. Descia e passava para o período onde a gente já tinha passado. O trem chegou quando a escravatura estava de partida e surgia o trabalho assalariado.
Em Petrópolis surgiram as primeiras vilas operárias e indústrias têxteis. O trem precisava de comunicação eficiente e trouxe o computador do século XIX. As mensagens tinham apenas código: o Morse. Assim era o telégrafo. A história desse meio de comunicação também deve reverência ao empresário do império. Só o Barão de Mauá poderia construir 12 mil quilômetros de cabos submarinos para comunicação com a Europa. E a roda do desenvolvimento girou como a cremalina.
Hoje é o concreto, por onde a ferrovia ainda resiste. Mas o passado é a referência na trajetória do trem. Se no Rio de Janeiro foi preciso vencer os obstáculos naturais, em São Paulo o desafio foi ainda maior. A Serra do Mar impedia a ligação entre o Planalto e a Baixada Santista. Um desnível de 800 metros, superado com 13 túneis, 17 pontes e uma das maiores obras de engenharia ferroviária do mundo.
A muralha de rocha foi redesenhada pelo caminho do trem: 190 quilômetros de construções em uma área sujeita às chuvas e deslizamentos. Trabalho de cinco mil pessoas, mão de obra qualificada de imigrantes europeus. Os obstáculos extrapolaram o orçamento e custaram a falência do Barão de Mauá.
Ele entregou tudo! até os óculos com aro de ouro ele entregou para ser do leilão... Foi uma falência infeliz, porém honesta. Na história do patrono da ferrovia está a riqueza de uma família de sangue azul. Dona Francisca, de 79 anos, é marquesa, trineta do Barão.
E Eduardo, de 43 anos, marquês, tetraneto de Mauá. Convidamos a nobreza da ferrovia para uma visita onde tudo começou. Na mesma estação, os herdeiros do pioneirismo e o guardião da memória ferroviária.
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Fósseis encontrados na China podem ser de uma espécie humana desconhecida
A descoberta de fósseis em duas cavernas no sudeste da China revelou a existência de povos da Idade da Pedra até então desconhecidos, que poderiam ser de uma espécie humana até agora ignorada pela ciência. O achado, anunciado ontem por pesquisadores norte-americanos e chineses no periódico científico PLoS ONE, traz ainda um raro vislumbre de uma recente fase da evolução humana, com implicações surpreendentes sobre o povoamento da Ásia.
Os humanoides, que segundo os cálculos viveram entre 14,5 mil e 11,5 mil anos atrás, intriga os especialistas porque apresentam traços da anatomia do homem moderno, que surgiu há 120 mil anos, e de espécies mais primitivas. Por isso, os cientistas esclarecem que é preciso ter cautela ao classificar os fósseis, porque eles apresentam um mosaico de características incomuns.
www.correioweb.com.br
Publicação: 15/03/2012
Me devolve um dinheiro aí
A Justiça até tenta reaver os milhões desviados dos cofres da União, mas sua morosidade atrapalha o processo
Ronaldo Pelli 8/4/2011 matéria foi publicada na Revista de História da Biblioteca Nacional.
- Os tempos são outros, os delitos são bem diferentes e os personagens atuais jamais se preocuparam com o país, como aconteceu com os inconfidentes. Entretanto, uma situação não muda com o passar dos séculos: o Estado continua tomando calote quando precisa receber dividendos de decisões judiciais, principalmente quando os réus são figuras com posses e alguma malandragem jurídico-financeira para driblar os cobradores.
Há, claro, uma distância enorme entre a situação do século XVIII e a atual. Os inconfidentes já eram majoritariamente ricos e nem sempre dependiam dos cofres públicos para enriquecer, enquanto os fora da lei que usam colarinho-branco enriquecem à custa da Viúva. Outra grande diferença se refere à atuação da Justiça nos dois períodos: se no primeiro a Coroa era “vingativa”, tentando tomar os bens de quem não concordasse com suas posições, no segundo caso a União corre atrás dos ladrões que levam os recursos que deveriam ser aplicados para o bem comum.
Um dos casos mais notórios do cenário recente é o que envolve a ex-advogada Jorgina de Freitas. Quase todo mundo conhece seu nome, associado à corrupção por conta das fraudes no INSS descobertas em 1991. Mas pouca gente sabe que a ex-advogada, junto com outros integrantes da quadrilha, teria desviado cerca de US$ 600 milhões com seus golpes. Muito menos gente ainda imagina que, até agora, desse total foram recuperados somente R$ 76,5 milhões no Brasil e US$ 11 milhões no exterior, além de ter sido apreendida uma conta com mais de R$ 3 milhões. Essas contas negativas seriam apenas ruins se a situação não fosse exemplar: é um dos primeiros casos em que se conseguiu resgatar no exterior dinheiro fruto de corrupção.
Não se pode dizer com certeza qual foi o maior rombo nas contas do Estado – lembre-se: a falcatrua não deixa recibo. Fica difícil, portanto, fazer um comparativo de quanto retorna para a União. Casos em que há repercussão, como o escândalo no INSS, são mais fáceis de medir. Já na roubalheira nossa do dia a dia, em que os desvios viram varejo, uma possibilidade de medir o estrago é acompanhar o trabalho da Advocacia-Geral da União (AGU), responsável por correr atrás do prejuízo. Entre dezembro de 2009 e novembro de 2010, o órgão ajuizou 3.706 ações que somam R$ 2,7 bilhões. Deste total, foram bloqueados ou penhorados R$ 583 milhões de ex-prefeitos, servidores e empresários, o que dá um pouco menos de 22% do total. Outros R$ 491 milhões, ou apenas 18,2%, retornaram à União por conta da não aplicação ou aplicação indevida dos valores repassados a municípios e entidades públicas ou privadas prestadoras de serviços públicos. O resto do dinheiro continua na briga judicial.
“No Brasil, os corruptos são mais ‘espertos’ que os honestos”,ironiza o historiador e deputado federal Chico Alencar
Por mais que esses valores e porcentagens sejam comparativamente baixos, o resultado já é bem melhor do que foi no passado. Para efeito de comparação, no período anterior (janeiro-novembro de 2009), as 2.763 ações ajuizadas eram de apenas R$ 1,7 bilhão. Essa melhora pode ser o resultado da criação, em 2009, do chamado Grupo Permanente de Atuação Pró-ativa. Em 2010, o grupo tinha que aumentar os créditos para a União, o percentual de bloqueio de bens, e atuar em parceria com outros órgãos para reduzir o tempo entre a ocorrência das irregularidades e as ações judiciais. Parece que deu algum resultado.
Porém, especialistas dizem que esses valores são irrisórios se especularmos sobre o total desviado. Mas por que tão pouco do dinheiro roubado volta aos cofres públicos?
Até ser condenado, o fraudador pode dilapidar seu patrimônioou usar “laranjas”. Não é incomum encontrar dinheiro fora do país, ou distribuído em diversos bens
“No Brasil, os corruptos são mais ‘espertos’ que os honestos”, ironiza o historiador e deputado federal Chico Alencar, que tem entre suas prioridades o combate à corrupção. “E há ainda um cipoal de leis, que em vez de dificultar, acaba por facilitar a vida dos corruptos.”
Até ser condenado, o fraudador pode dilapidar seu patrimônio ou usar “laranjas”, isto é, espalhar seus recursos entre terceiros, como lembra Alencar. Não é incomum, portanto, encontrar dinheiro desses famosos e infames personagens fora do país, em lugares como a Suíça ou em paraísos fiscais, ou ainda distribuídos em diversos bens, como imóveis e até barras de ouro.
A quadrilha de Jorgina de Freitas, por exemplo, tinha dois imóveis em Miami e diversas propriedades no Brasil, que acumulavam dívidas em impostos e taxas. O INSS conseguiu retomar esses bens e, após se desfazer dos débitos, obteve uma boa arrecadação com as vendas. Uma propriedade de luxo de um dos integrantes do bando que fraudava a Previdência alcançou, sozinha, o valor de R$ 7,5 milhões. Mas ainda há 163 imóveis sob administração do grupo que serão postos à venda em leilões.
“Uma das causas que realimentam a corrupção é a morosidade da Justiça; são várias chicanas judiciárias”, sugere Castelo Branco
País do chocolate e dos relógios, a Suíça e seus sólidos e sigilosos bancos parecem ter sido o destino de quantias suspeitas de gente como o deputado federal Paulo Maluf e o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, do caso de superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo de 17 de janeiro passado, as autoridades daquele país mantêm bloqueados R$ 7 milhões de “Lalau”. O procedimento é sempre adotado quando há suspeita de que o dinheiro seja proveniente de recursos públicos desviados. Maluf é ainda acusado pelo Ministério Público de movimentar valores próximos de meio bilhão de reais, dinheiro que seria original e oficialmente da Prefeitura de São Paulo, em contas em Jersey, uma minúscula ilha que fica no Canal da Mancha, bastante usada como paraíso fiscal.
Gil Castelo Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas, que fiscaliza os gastos públicos, credita à lentidão judiciária a maior responsabilidade pelo sumiço do dinheiro do Erário. “Uma das causas que realimentam a corrupção é a morosidade da Justiça; são várias chicanas judiciárias”, sugere Castelo Branco, citando ainda uma declaração segundo a qual o Brasil era uma espécie de recordista mundial de recursos. “Nesse período, o sujeito morre ou transfere os bens.”
“Se defendemos o grande bandido nacional, é para manter os direitos também do cidadão comum”, argumenta criminalista
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os juízes tentam evitar o julgamento durante o clamor público, geralmente esquentado por conta de manchetes de jornais, porque o procedimento deve ocorrer de maneira isenta, sem influência da opinião pública – seja contra ou a favor. Se houver condenação, há ainda um prazo de recurso para a defesa. Pedida a defesa, o Tribunal deve constituir um novo relator para reexaminar o caso, e só após reconfirmada a fraude, a AGU entra com uma ação para tentar recuperar o dinheiro.
Em defesa do processo, o advogado criminalista Marcelo Leal, de Brasília, discorda de que haja um excesso de trâmites. “Isso é um mantra que a imprensa vem repetindo. O cidadão precisa ter a possibilidade de recorrer das decisões judiciais”, explica, argumentando que, com algumas exceções, os tribunais têm até feito julgamentos com relativa agilidade. Segundo ele, o problema é a falta de estrutura dos tribunais no país, lembrando casos em que o escrivão até hoje trabalha com uma máquina de escrever.
“Vejo que nós, criminalistas, cumprimos um papel institucional para com o país: o de defesa do cidadão, da Constituição. Se defendemos o grande bandido nacional, é para manter os direitos também do cidadão comum”, ele argumenta, afirmando que, em muitos casos, seus clientes são “condenados” a priori pela mídia e pela Polícia Federal.
Se o motivo da falta de retorno do dinheiro é controverso, a origem de tantos escândalos parece uma unanimidade: os ciclos eleitorais. O que, novamente, diverge do que ocorreu com os inconfidentes do século XVIII, quando o Estado português tentou se apoderar dos seus bens como forma de punição para um crime considerado gravíssimo – a conspiração contra os governantes. Além do mais, nas monarquias da Época Moderna os governantes não eram eleitos.
De acordo com a organização Contas Abertas, a estimativa dos custos das campanhas na última eleição para prefeitos no país foi de R$ 8,5 bilhões. Do caixa 1, claro, que envolve doações, o fundo partidário e horário eleitoral gratuito, que não é exatamente gratuito, porque as emissoras utilizam um mecanismo de renúncia fiscal.
“A estimativa do custo não oficial – e novamente caímos no problema de como mensurar a corrupção – é de dez a 15 vezes maior. E aí estamos falando de R$ 80 bilhões ou de R$ 100 bilhões”, explica Gil Castelo Branco, da Contas Abertas.
O deputado Chico Alencar afirma que a Frente Parlamentar de Combate à Corrupção no Congresso priorizou projetos para “aumentar o arcabouço que aperta o ferrolho contra os ladrões”. “Mas isso depende da boa vontade dos parlamentares. Ninguém assume que vai facilitar a vida do ladrão de dinheiro público, mas muitos são beneficiados por esses mesmos esquemas”, diz, elogiando o trabalho dos chamados mecanismos de controle, como a Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público e a imprensa.
A CGU, por exemplo, tem mecanismos de repressão e prevenção à corrupção. Se o primeiro conseguiu descobrir casos como o escândalo dos sanguessugas, que envolveu a compra de ambulâncias, o segundo tem a intenção de capacitar o gestor, já que há casos de prefeitos que praticam atos ilegais sem nem saber que o estão fazendo. O que mostra que, infelizmente, os desvios são a norma para muitos, ainda. Já a recuperação do dinheiro parece uma exceção, hoje e sempre.
Para inaugurar o blog vou falar sobre o roteiro das cidades históricas de Minas Gerais que fizemos com os alunos da sétima série do Colégio Marista Champagnat. Nos dias 28 de junho a 1 de julho fomos conhecer as cidades de Ouro Preto, Mariana e Congonhas.
Considero a visita as cidades históricas um dos mais completos para trabalho pedagógico, lá é possível realizar trabalhos nos mais diferentes componentes curriculares : História, Religião, Geografia, Artes, Ciências, Língua Estrangeira (Inglês e Espanhol).
Para quem for lá ficam algumas dicas de visita:- Mina da Passagem que sacia a curiosidade de muitos em conhecer como é uma mina de ouro.
- Museu da Inconfidência: uma verdadeira aula sobre inconfidência mineira e ideiais iluministas.
- Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar : uma maravilha de obra estilo barroco e ouro, muito ouro.
- Almoço no restaurante Casa dos Contos: ali é que é comida mineira…
- Parque do Caraça, vale a pena o banho de cachoeira.
- Obras de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.