São Bernardo ganhará o maior museu de automóveis da América Latina
Cristina Romanelli
8/4/2011
- Os 130 quilômetros entre Caçapava e São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, vão entrar no mapa dos amantes de carros antigos. Os vinte e sete automóveis raros do Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, em Caçapava, serão restaurados e farão parte de um novo centro cultural, que terá também biblioteca temática e exposições. Já em São Bernardo, a promessa é que esteja pronto até 2017 o maior museu de automóveis da América Latina, com pavilhão de exposições, autódromo, kartódromo, oficinas de restauração e até uma cidade temática nos anos 1950, com direito a lanchonete e posto de gasolina.
O espaço criado em Caçapava pelo empresário Roberto Eduardo Lee começou com uma coleção pessoal e chegou a ter mais de cem carros, incluindo um Turcat-Méry fabricado na França em 1903. Com a morte do empresário em 1975, o museu foi deixado de lado e fechou em 1993. O acervo de noventa e sete veículos tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) foi retirado aos poucos pelos proprietários que os haviam cedido. Os vinte e sete restantes foram doados pela família à prefeitura. “Os carros foram depredados, pessoas invadiram para roubar as peças. Nossa ideia é ficar com parte da fazenda onde eles estavam e fazer ali o centro cultural. Ainda neste semestre teremos o esboço do projeto”, diz o secretário de Cultura, Fabrício Alberto Correia.
Lee também criou alguns clubes de carros, como o Veteran Car Club do Brasil, em 1968. Segundo o vice-presidente do clube, Gustavo Tostes, essa paixão por veículos antigos só começou no Brasil a partir dos anos 1960. “Depois que surgiram os carros brasileiros, os americanos deixaram de ser usados. A preocupação começou pelos americanos, depois passou para os europeus e, por fim, para os próprios nacionais”, conta ele. O acervo de Caçapava tem algumas preciosidades, como o americano Tucker Sedan, de 1948, do qual existem menos de cinquenta no mundo. Ele está sem motor, painel de instrumentos, faróis e calotas, mas já tem gente na fila para ajudar. O Automóvel Clube do Brasil (ACB) quer restaurar dois veículos e expô-los no Salão Internacional de Veículos Antigos, em novembro.
O clube de carros mais antigo do país sonha alto. “Queremos criar uma cidade do automóvel, provavelmente em São Bernardo, berço da indústria automobilística nacional. Será o maior museu do tipo na América Latina, com pelo menos quinhentos carros. Muitos colecionadores já se dispuseram a ceder seus veículos”, conta Ariel Gusmão, presidente do ACB. No projeto estão previstos pista de arrancada, lojas de concessionárias e um autocine. Gusmão espera que o empreendimento atraia muitos “bichos-papões”, apelido dado pelos colecionadores aos carros mais raros e geralmente encontrados em coleções particulares. Se der certo, esses monstros vão sair do abrigo e deixar muitos adultos de boca aberta
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