1 de mar. de 2020

História e Origem do Carnaval

História e Origem do Carnaval

Juliana Bezerra
Carnaval tem sua origem na Antiguidade com festas aos deuses onde se permitia uma alteração na ordem social.
Desta maneira, os escravos e servos assumiam os lugares dos senhores e a população aproveitava para se divertir.
Embora seja conhecido como o país do Carnaval, o Brasil não é o único a comemorá-lo de forma intensa.
Cidades como Veneza (Itália), Nice (França), Nova Orleans (EUA), Ilhas Canárias (Espanha), Oruro (Bolívia) e Barranquilla (Colômbia), também celebram a festa de forma bem animada.

Origem do Carnaval: como surgiu a festa

Teoria 1: Na Babilônia

A história do Carnaval pode ter origens babilônicas. Para alguns estudiosos, o Carnaval teve origem na Babilônia através da comemoração das Saceias. Nessa festa, concedia-se a um prisioneiro que assumisse a identidade do rei por alguns dias, sendo morto ao fim da comemoração.
Igualmente, na Babilônia, havia uma celebração, no templo do deus Marduk, quando o rei era agredido e humilhado, confirmando a sua inferioridade diante da figura divina.

Teoria 2: Na Grécia

Outros historiadores acreditam que o Carnaval teve início na Grécia por volta de 600 a.C., na altura em que era comemorado o princípio da primavera.

Teoria 3: Em Roma

Há, entretanto, suposições de que a sua origem decorre da Saturnália, em Roma, ocasião na qual as pessoas se mascaravam e passavam dias a brincar, comer e beber.

A evolução do Carnaval

Com a ascensão do cristianismo, as festas pagãs ganharam novos significados. Assim, o Carnaval tornou-se a oportunidade dos fiéis despedirem-se de se alimentarem de carne. Inclusive, a palavra carnaval vem do latim carnis levale que significa “retirar a carne”.
Para a Igreja Católica, o Carnaval antecede a Quaresma, o período de quarenta dias antes da Páscoa, onde se recorda o momento no qual Jesus esteve no deserto e foi tentado pelo demônio.
Carnaval de Veneza
O Carnaval de Veneza se caracteriza pelos bailes e trajes ricamente elaborados
Desde o início da sua comemoração, no Carnaval, as pessoas podiam esconder ou trocar de identidade.
Assim, tinham maior liberdade para se divertir, ao mesmo tempo que podiam adquirir características ou funções diferentes do que eram verdadeiramente: pobres podiam ser ricos, homens podiam ser mulheres, entre outros.
Máscara de Carnaval em meio a confetes e serpentinas
Máscaras de Carnaval eram usadas para esconder a identidade
Em Veneza, os nobres usavam máscaras para poder desfrutar da festa junto do povo e manter sua identidade oculta. Esta é a origem do uso da máscara, que é uma característica marcante desta celebração.

Origem do Carnaval no Brasil

No Brasil, o Carnaval surgiu com o entrudo trazido pelos portugueses. Este consistia numa brincadeira quando as pessoas atiravam água, farinha, ovos e tinta uma nas outras.
Por sua parte, os africanos escravizados se divertiam nestes dias ao som de batuques e ritmos trazidos da África e que se mesclariam com os gêneros musicais portugueses. Esta mistura seria a origem da marchinha de carnaval e do samba, entre muitos outros ritmos musicais.
Jogos do entrudo. Aquarela de Augustus Earle (1822)
Jogos do entrudo. Aquarela de Augustus Earle (1822)
No começo do século XX, com o objetivo de civilizar a festa, a prática de lançar farinha e água foi proibida. Por isso, as pessoas começaram a importar dos carnavais de Paris e Nice o costume de jogar confetes, serpentinas e buquês de flores.
Com a popularização dos automóveis, as famílias mais abastadas do Rio de Janeiro, Salvador ou Recife, saíam com os carros e jogavam confetes e serpentinas nos passantes.
Esta tradição se manteve até a década de 30, quando se registrou o fim da fabricação dos automóveis descapotáveis e também pelo barateamento dos veículos que permitiam as classes populares entrar na festa.
Com o surgimento do choro e da releitura de ritmos europeus, o Carnaval de rua era animado pelas marchinhas. Este é um gênero musical parecido às marchas militares, porém mais rápidas e com letras de duplo sentido. Desta maneira, criticam a sociedade, a classe política e a situação do país de maneira geral.
Considera-se que a primeira marchinha de Carnaval sejam "Ó Abre Alas", escrita em 1899 pela compositora carioca Chiquinha Gonzaga.
Surgem os "ranchos", as "sociedades carnavalescas" e os "cordões", agrupações de foliões que saíam pelas ruas da cidade tocando as marchinhas e fazendo todos dançarem.
Com a popularização do rádio, as marchinhas caíram no gosto popular. Vários cantores registraram estas composições, mas cabe destacar os nomes de Carmem Miranda e Francisco Alves como os maiores intérpretes do gênero.
Na década de 60, a marchinha deu lugar ao samba-enredo das escolas de samba.
Carmem Miranda (1909-1955), cantora, dançarina e atriz luso-brasileira
Carmem Miranda (1909-1955), cantora, dançarina e atriz luso-brasileira, conhecida como a Pequena Notável

Escolas de Samba

A primeira agremiação que surgiu no Rio de Janeiro se chamava "Deixa Falar", hoje "Estácio de Sá", em 1928.
A origem do nome "escola" se dá ao fato que os fundadores da "Deixa Falar" estavam num bar em frente a uma escola.
Hoje em dia, elas recebem o nome oficial de "Grêmio Recreativo Escola de Samba", pois têm o compromisso de difundir a cultura na comunidade onde estão inseridas.
O Carnaval de rua no Rio de Janeiro sofreu um golpe definitivo com a construção do "Sambódromo", que confinava os desfiles a este espaço. A festa passou a ser transmitida pela TV e os ingressos ficaram cada vez mais caros.
Desfiles de samba das escolas de samba, no Rio de Janeiro
Os desfiles de samba das escolas de samba, no Rio de Janeiro, acontecem na marquês de Sapucaí e terminam na Praça da Apoteose
O Carnaval de rua sobrevivia nos subúrbios com grupos como o "Cacique de Ramos", no centro da cidade, através de blocos como o "Cordão do Bola Preta" e os "Carmelitas". Na Zona Sul carioca, havia a "Banda de Ipanema" e mesmo o "Imprensa que eu Gamo", formado por profissionais da comunicação.
Parecia que a festa carioca mais popular estaria destinada aos turistas, mas um grupo de teatro amador, o Boitatá, ressurgiu com o costume de arrastar os foliões pela rua. Atualmente, quase 500 blocos desfilam pelas ruas cariocas.

Carnaval no Nordeste do Brasil

Por ser um país de dimensões continentais, cada região do Brasil comemora o Carnaval de uma maneira diferente.
Duas capitais nordestinas, Salvador e Recife, destacam-se pela beleza de sua festa, a diversidade cultural e musical.

Carnaval de Salvador

Em Salvador, os trios elétricos fazem a alegria dos foliões. Sua origem está ligada às batalhas de flores e aos corsos.
O primeiro trio elétrico foi inventado pelos músicos Dodô e Osmar, em 1950, quando utilizaram amplificação elétrica para seus instrumentos musicais. A partir daí, os demais carros fizeram o mesmo.
Dodô e Osmar animam o carnaval baiano em 1952
Dodô e Osmar animam o carnaval baiano em 1952
Se no Rio de Janeiro as marchinhas deram a tônica da festa, na Bahia o samba, a batucada, o axé, a timbalada e os grandes grupos de percussão como os "Filhos de Gandhi" são a marca da festa baiana.

Carnaval em Recife e Olinda

A festa carnavalesca da capital de Pernambuco e da cidade de Olinda é animada pelo frevo. Igualmente, os recifenses utilizam os bonecos gigantes nos seus desfiles.
Este bonecos têm origem na Europa, pois em países como a Espanha, são confeccionados enormes figuras de reis, rainha e a corte que passeiam pela cidade em certas festas religiosas.
A cada ano, as agremiações lançam novos rostos como jogadores de futebol, atores, personalidades que faleceram, heróis dos quadrinhos, etc.
Igualmente, os bonecos são usados para fazer crítica social e é comum ver políticos retratados por estes artistas.
Bonecos gigantes, marca do Carnaval de rua de Olinda
Bonecos gigantes, marca do Carnaval de rua de Olinda (Pernambuco)

Curiosidades sobre o Carnaval

  • O desfile de corso ainda é uma tradição mantida no Carnaval de Teresina, no Piauí.
  • Na década de 80, cidades como São Paulo e Porto Alegre também construíram "sambódromos" para o desfiles de suas escolas de samba.

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    Juliana Bezerra
    Juliana Bezerra
    Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

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